quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Lívia

Lembro de cada sorriso teu,
de cada momento que passamos juntos,
que te fiz gargalhar,
que te fiz dormir nos meus braços,
que cuidei de ti,
que me preocupei,
que dormi na porta da tua casa,
dos fins de semana ao lado do telefone silencioso,
das minhas tentativas de ser intransigente,
dos meus pedidos de desculpas,
das flores que te dei,
dos peixinhos do teu aquário,
do teu sofá,
das tuas pernas sobre as minhas,
dos carinhos no teu rosto,
da tua mão no meu cabelo,
da noite na fábrica,
de quando disse estar apaixonado por ti.

E agora...

tudo que quero é achar uma forma
de pôr essas lembranças todas numa caixinha,
e deixá-las lá,
no fundo de um baú.

Para que um dia,
bem velhinho,
eu possa revê-las, e
com um sorriso e uma lágrima vagarosa,
ver o quanto, um dia,
mesmo que por pouco tempo,
fui feliz ao lado de alguém.

Mas enquanto não encontro essa caixinha,
as tenho aqui comigo,
te mantendo ao meu lado em cada minuto do meu dia,
e fazendo as minhas lágrimas vagarosas
correrem rápidas pela minha face...

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Sonhei que os dias eram sempre nublados,
e que as noites não existiam,
que o tempo era morno e quente.

E que ficava deitando no sofá,
com o olhar no teto,
esperando a brisa vir
e secar meu suor.

E os latidos dos cães, ouvia.

Lá, presos a coleiras,
distantes de abrigo,
com medo da chuva
que se preparava eternamente,

mas nunca vinha.

sábado, 11 de outubro de 2008

Sondagens por portas entreabertas,
na nebulosidade da escuridão de ambientes frios
e solitários.

A simples curiosidade de ver além,
ou a esperança de encontrar alguém lá
que nos assuste.

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Caminhei pela rua
como se nunca tivesse saído de casa:

olhando as esquinas,
as casas antigas,
a humidade da chuva sobre o asfalto,
o caminhar do vira-lata.

E me pus a pensar
que lá também estava eu,
naquela paisagem pacata,
aos olhos de tudo que via.