segunda-feira, 31 de março de 2008

Andarilhos

Caminhadas solitárias por campos insólidos,
vulgos matos sem dono,
em passos lentos
e pensamento fulgás.

Caminhadas por noites adentro,
madrugadas à hora,
sem rumos, ao vento,
afora.

Olhares distantes, perdidos no espaço,
encontram pensamentos idem,
e a idéia vira imagem,
e o corpo
se perde.

Vidas tímidas.
Idéias simples.
Espíritos confusos...

... e inquietos.

Pensadores da vida.
Andarilhos das ruas.

quinta-feira, 27 de março de 2008

Como devem à prepotência
aqueles que se pensam invencíveis.

De suas existências nada extraem
a não ser fumaça de coisas irreais.

segunda-feira, 24 de março de 2008

Amores sem pena

de homens sós
de vidas sem causas
de esforços em vão
de palavras levianas
de noites insones
de caminhadas solitárias
de espaços no vácuo
de torturas internas
de angústias, enfim.

Amores sem pena
de nada.

segunda-feira, 17 de março de 2008

Desgraçados

Vidas insolúveis
de desgraçados, vagabundos.

Sujos senhores de ruas, de sargetas,
que nada têm,
nada querem,
nada... além.

Desgraçados homens de botecos podres,
de copos de vidro grosso,
de aguardentes esbranquiçadas,
fortes, quentes,
queimantes,
suadas.

Vagabundos de favelas,
de violões desafinados,
de músicas simples,
de mulheres mal amadas,
de incompreensões de si mesmos,
e de todo o resto.

Vagabundos e desgraçados,
juntos,
e o mesmo,
em mesmos corpos.

Homens da vida,
enfim,

real.

quinta-feira, 13 de março de 2008

Homens e mulheres são feitos de areia.

Uma areia húmida,
molhada,
que se prende a seus corpos,
composta de fibras
e sal.

Homens e mulheres são feitos de folhas

que caem de árvores altas,
desconhecidas,
selvagens.

Homens e mulheres...

... são corpos compostos de vento,
de nuvem,
de vapor.

Nada mais que testemunhas de si próprios,
de vertigens perante o nada,
ou do que nada sabem...

mas pensam saber.

terça-feira, 11 de março de 2008

Quando crescemos soltos, sobre folhagens
sem entender o andar da vida
é que percebemos essa incompreensão.

(E é a única coisa que para sempre entenderemos)

Afinal, dos que nos interessa sermos entendedores do mundo
se dele somos incapazes de gozar?

Quero a minha ignorância
para poder, pelo menos dela,
gozar completamente.